Sempre tive uma relação especial com a minha avó materna. Era uma senhora cheia de energia, com muitas histórias de vida para contar. E ao contrário da tradicional imagem da avó dedicada à cozinha, que preparava delicados bolos e bolinhos para os netos, a minha avó não nutria grande aptidão ou especial gosto pela cozinha. Não é que não cozinhasse, porque o fazia, ou que o que fizesse não fosse bom, porque até era, apenas não retirava grande prazer nisso ou sequer se dava ao trabalho de tomar nota do que fazia.
Escusado será dizer que não deixou um caderno de receitas para as gerações vindouras. Algumas coisas, porém, ficaram sem precisar de papel, herdei o seu gosto por bolos, e uma boa chávena de café de cevada. E deixou em mim uma grande inspiração até no que toca à culinária e recordo com saudade os momentos que passávamos na cozinha. Infelizmente algumas receitas que fazia jamais serão recreados… coisas tão simples como doce de tomate, marmelada, belhoses de abóbora ou pataniscas. Acho que se tornaram especiais de tão aldrabadas que eram.
Outra herança surgiu mais pelo acaso. Já mais velha a minha avó confundia as embalagens de polpa de tomate com as embalagens de ketchup. E portanto, não raras vezes trazia uma pela outra, sendo que, tecia sempre grandes elogios à polpa de tomate quando se enganava e comprava ketchup!
Dei o benefício da dúvida ao engano e resolvi experimentar. Realmente há descobertas que surgem do improvável, e há que concordarque o ketchup dá um agradável toque doce, mas subtil, à comida. Aliás, hoje em dia, em muitas receitas, sobretudo quando se trata de pequenas quantidades, uso ketchup em vez de polpa de tomate (como no strogonoff), ou então adiciono um toque de ketchup à polpa de tomate, faço muito isso na minha receita de bolonhesa de seitan. Ou simplesmente, à falta de um uso o outro… quem sai aos seus…
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